O teatro sempre é destaque no Novo Anhangabaú. Dia 28 de outubro, vamos receber uma visão única da obra de Nelson Rodrigues, do ponto de vista do coletivo No Olho do Furacão. Conversamos com Daniel Bianchi, diretor da montagem, para conhecer melhor essa visão.
“Nelson Rodrigues é o maior dramaturgo brasileiro.”
Palavras de Daniel Bianchi, paulistano de nascimento e vivência, radialista de formação pela Universidade Anhembi Morumbi, ator pelo Teatro Escola Macunaíma e diretor da montagem de O Beijo no Asfalto, que o coletivo No Olho do Furacão traz ao Vale da Gente, depois de realizar ensaios abertos da peça em plena Praça Ramos de Azevedo, via Edital de Ocupação do Novo Anhangabaú.
“Os ensaios foram uma experiência e tanto para o coletivo! Os sons, a temperatura, a arquitetura e o contato com transeuntes deram uma nova camada de percepção aos atores e um ressignificado de presença.”
Criado durante o processo de formação no Macunaíma, o coletivo está intimamente ligado à obra de Nelson Rodrigues. O grupo se estruturou durante um processo, guiado pelo diretor pedagógico Paco Abreu, com assistência de direção de Bianchi, que investigava a linguagem expressionista a partir das obras rodriguianas.
“Após a conclusão do processo no Macunaíma, alguns atores manifestaram o desejo de continuar com a pesquisa, e então formamos o coletivo No Olho do Furacão.”
A partir daí, o grupo decidiu explorar o universo do autor que, ao mesmo tempo, é reverenciado por sua crítica apurada da classe média brasileira e estigmatizado como reacionário. Esse mergulho resultou numa investigação profunda da vida e das circunstâncias do autor, em busca de compreender suas tragédias pessoais.
O coletivo focou no período de 1967 a 1969, no qual Nelson era cronista no Rio de Janeiro e o Brasil vivia “No Olho do Furacão", sob o peso de uma ditadura militar e de todos os males que esta trazia a reboque. Partindo de uma profunda pesquisa, o grupo passou a trabalhar em anexar trechos de crônicas e pensamentos registrados do autor ao texto original de O Beijo no Asfalto.
“Investigamos o panorama social de quando a obra foi escrita (1960), os paradoxos na escrita de Nelson (como sua alcunha de ‘Anjo Pornográfico’), os arquétipos de Carl Jung e o expressionismo como manifestação artística e como o transpor para uma montagem teatral.”
O resultado desse longo e dedicado processo criativo você pode ver, em primeira mão, no Novo Anhangabaú. Uma oportunidade de presenciar um novo olhar sobre uma das mais importantes peças de Nelson Rodrigues e constatar a atualidade de seus temas, personagens e cenários, mais de 40 anos depois de sua morte:
O Beijo no Asfalto
Sábado, 28 de outubro
17h
Praça Ramos de Azevedo