Foi nas cercanias e entre as águas do Rio Tamanduateí e de seu maior afluente, o Rio Anhangabaú, que a cidade de São Paulo teve o seu berço. E isso foi bem antes de o primeiro europeu chegar ao local.
Os povos guaranis, originários dessa terra, já entendiam a importância da região para a vida das pessoas e dos animais; tratavam-na como um lugar sagrado antes mesmo de qualquer jesuíta rezar por essas bandas.
Os guaranis construíram um impressionante conhecimento: geográfico, botânico, social, gastronômico e em tantas áreas quanto é possível abranger. Rico, profundo, milenar, natural e sustentável – e isso bem antes de sustentabilidade existir como conceito. Esse legado não se perdeu por completo, mas se amalgamou com as novidades que o passar do tempo trouxe.
Uma das maiores foi justamente um choque de culturas, que viria a mudar até os cursos d’água. Os povos colonizadores invadiram, provocando, pela força, um processo de mudança que até hoje é sentido na vida de São Paulo e do país, sobretudo na dos seus povos originários. Como o Big Bang, dessa fissão, surgiram novas falas, novos costumes e até novas plantas.
Café, agrião e chás diversos tomaram conta da paisagem, com traços dessa época ressoando até hoje em construções urbanas que incorporaram as plantas até em seus nomes. A mais simbólica delas, o Viaduto do Chá. Plantas que enriqueceram os novos donos daquelas terras, que, por sua vez, quando também se tornaram velhos proprietários, viram-nas expropriadas. Eles também deixaram sua marca. Ruas e prédios construídos ali guardam em seus respectivos nomes a memória de barões e condes.
Como nada é como antes, mudanças vieram se sobrepondo ao que já existia.
Tivemos parques sobre as plantações que antes foram a fauna.
Um boulevard francês.
E a Avenida Prestes Maia, então?
Saem carros, voltam pessoas, e temos um passeio público em cima da antiga avenida.
Sim, nosso Vale foi muitas vezes pensado, com diversos projetos e pessoas, adequando-se ao tempo presente. Hoje estamos aqui, olhando para o passado e para o futuro, resgatando o Anhangá, lenda que remonta ao espírito protetor que zela pela natureza do espaço e dá nome ao Vale, para devolver a essência do Novo Anhangabaú.
O Vale da Gente pretende devolver às pessoas a ocupação de um espaço público de importância histórica imensurável. Com arte. Com cultura. Com lazer. Com experiências. Com segurança e tranquilidade para viver o coração da cidade.
Ocupação da região por povos não-nativos
Proclamação da República
Inauguração do Viaduto do Chá
Canalização do Rio Anhangabaú
Arborização da Área do Anhangabaú
Inauguração do Theatro Municipal de São Paulo e Primeiro Congestionamento da Cidade
Semana de Arte Moderna e Projeto da Fonte dos Desejos da Praça Ramos de Azevedo
Inauguração Edifício Alexandre Mackenzie (Sede Light)
Inauguração Edifício Martinelli
Ponto de Socialização entre homossexuais e Criação da Via Expressa
Novo Viaduto do Chá e Inauguração do Edifício Matarazzo
Reurbanização
Recriação do Parque do Anhangabaú
Diretas Já!
Término e inauguração do parque recriado
Novo Anhangabaú
Chegamos à atualidade com a entrega de um novo projeto, um novo Vale do Anhangabaú. Mais uma vez, ele se fez com gente dessas terras e de fora. Renasce de uma contribuição coletiva como um espaço que deve ser ocupado e apropriado pelo público, o verdadeiro motivo da reforma. E motivos não vão faltar para o público estar presente de corpo e alma. A ideia é que tenhamos até 2023 mais de 300 eventos mensais dentro do Vale contemplando atividades para todas as idades, todos os dias da semana.
Aliás, navegue pelo nosso site, ele também faz parte dessa grande novidade. Salve-o em seus favoritos e fique ligado na programação disponibilizada aqui.
Vale a visita.
Vale a experiência.
Vale a pena estar ali. De novo ou pela primeira vez.
Entre confluências de águas, pessoas e culturas diferentes, a terra é marcada para contar e criar histórias. Venha viver a sua!
P.S.: se tiver curiosidade de saber mais sobre cada detalhe dos desenhos do projeto, a prefeitura disponibiliza também, é só clicar aqui.