A história do grafite – Parte II

A história do grafite – Parte II

18/8/2022

Vamos conhecer um pouco do grafite moderno, que ganhou o mundo através do movimento hip hop. Quer saber mais e, de quebra, ainda dar os primeiros traços nessa arte? Vem para a nossa atividade Cultura do Grafite, toda terça-feira, às 19h.

Como vimos anteriormente (o quê? Você não viu? Ora, veja!), a arte de retratar a atualidade em paredes de espaços públicos vem desde os tempos das cavernas e teve um de seus momentos mais relevantes na Roma Antiga.

É claro que, depois da queda do Império Romano, as pessoas continuaram pintando imagens e mensagens em paredes, mas essa expressão artística underground nunca atingiu o mesmo impacto social dos tempos de Platão. Bom, isso até um certo mês de maio, de um certo ano, em uma certa capital da França.

O embrião do grafite como conhecemos hoje surgiu através de movimentos contraculturais de estudantes parisienses, no histórico maio de 1968. Os jovens fizeram muitas de suas críticas políticas e sociais por meio de grafites por toda Cidade Luz, feito que ganhou eco ao redor do mundo e, até hoje, serve como inspiração para manifestações anti-sistema.

Paris, 1968

Mas foi na década seguinte que o grafite ganhou os literais e figurativos contornos mais coloridos e artísticos, sem perder o impacto de crítica social, que conhecemos na atualidade. No Harlem dos anos 1970, o grafite ganhou força como um dos pilares do movimento hip hop. A beleza e o protesto do “vandalismo” da periferia de Nova York foi conquistando admiradores no mundo inteiro.

Jamais saberemos quem foram os verdadeiros pioneiros do grafite nova-iorquino, pois o movimento era composto exclusivamente por artistas anônimos, marginalizados, muitas vezes perseguidos pelas autoridades. Isso começou a mudar quando os grafites de Jean-Michel Basquiat foram descobertos pela cena artística mais “tradicional” de NY, que entendeu os “pixos” de Basquiat pelo que, de fato, eram: obras de arte neo-expressionistas.

Basquiat: o artista e a obra

Para desgosto de muitos curtidores de paredes pintadas de cinza, Basquiat foi alçado do rótulo negativo de pichador para o status de um dos maiores artistas plásticos dos anos 1980.

No Brasil da ditadura militar, os grafiteiros desafiavam a censura para denunciar os desmandos do regime totalitário. No caso deles, o anonimato era uma questão de vida ou morte, afinal, todo mundo sabe que criticar ditaduras não é exatamente sinônimo de longevidade.

É neste período que surge aquele que é considerado o primeiro grande nome do grafite brasileiro, Alex Vallauri. Nascido em 1949 na Etiópia, e com nacionalidade italiana, Vallauri veio para o Brasil em meados da década de 1960. Em SP, começou sua trajetória no grafite ao pintar uma misteriosa bota preta num muro da cidade, em 1978. Pouco depois, a bota ganhou pernas, um par de luvas, até se tornar a personagem da maior obra do artista, A Rainha do Frango Assado, obra que se destacou na Bienal de 1985, dois anos antes da morte precoce de Vallauri, aos 37 anos.

Detalhe de A Rainha do Frango Assado, de Alex Vallauri

Esses pioneiros desbravaram o caminho que levou o grafite ao (justo) patamar de arte, garantindo sua presença em museus e, mais importante, espaços urbanos ao redor do mundo, colocando o dedo na ferida das mais diversas mazelas ou celebrando as belezas do nosso tempo. Sem a atitude desafiadora dos primeiros grafiteiros, não teríamos Eduardo Kobra, Edgar Müller, os Gêmeos, Banksy…

Você pode mergulhar na Cultura Grafite, aqui, no Novo Anhangabaú. Venha aprender com a gente os primeiros traços do grafite. Quem sabe não é o nascimento de um novo grande artista?

Cultura do Grafite

Terças-feiras

19h

Palco Chá – Terra de Todos

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