O samba e o hip hop se encontram para homenagear a maior campeã do Carnaval de São Paulo.
Janeiro marca o aniversário de 94 anos de samba, resistência e cultura da tradicionalíssima escola de samba paulistana Vai-Vai, e nada mais justo do que presentear a cidade com uma grandiosa celebração em pleno coração de SP, no Novo Anhangabaú.
No sábado, dia 27, a partir das 20h, a nata do rap nacional vai se reunir para uma noite simplesmente histórica, que se conecta diretamente com o enredo que a multicampeã do Carnaval apresenta na avenida em 2024: "Capítulo 4, Versículo 3 - Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano", inspirado no clássico dos Racionais MC's, os convidados principais da festa.
Além dos Racionais, sobem ao palco nessa festança Negra Li, Djonga, Dexter, Tasha e Tracie, Thaíde, Doce Encontro, Rappin’ Hood, DJ Fabio Rogério, Rafrou Godzilla, Di Função, Athalyba Man, além da Bateria do Vai-Vai que não podia faltar, né?
Corre, que ainda tem ingressos disponíveis na plataforma ingresse!
A História
Idos do final dos anos 1920, um grupo de sambistas se reunia ao redor dos gramados para animar os jogos do time de futebol conhecido como Cai-Cai. Esses músicos, apelidados ironicamente como Turma do Vae-Vae, não eram exatamente bem-vindos nas pelejas, por serem considerados penetras e arruaceiros. Finalmente expulsos do Cai-Cai, esse pessoal fundou o Bloco dos Esfarrapados e, paralelamente, o Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, oficializado em 1930. Nascia aquela que viria a se tornar a escola de samba com mais títulos no Carnaval paulistano.
Até hoje, as cores do Vai-Vai se mantêm uma homenagem às avessas ao time Cai-Cai. Se o Cai-Cai era Branco e Preto, o Vai-Vai fixou as cores em Preto e Branco (se você acha que não faz diferença, certamente não é corintiano nem santista). Seus símbolos são uma coroa, simbolizando a realeza e a magnitude da raça negra, e ramos de café, que remetem à maior fonte de riqueza econômica de São Paulo na época da fundação do cordão.
Em 1968, o desfile das escolas de samba de São Paulo foi oficializado e passou a ser disputado aqui mesmo, no Vale do Anhangabaú (saiba mais aqui). Alguns cordões e blocos ainda tentaram resistir à novidade por alguns anos, mas acabaram (um tanto a contragosto) se adaptando ao novo formato. Assim, o cordão Vai-Vai se transformou em escola de samba em 1972.
Foram diversas as transformações. Na bateria, foram incorporados instrumentos mais leves, como tamborim, pandeiro e cuíca, além de ajustes no ritmo e na batida do samba, que ganharam mais leveza e cadência. O estandarte foi substituído pelo pavilhão e surgiram a comissão de frente, a ala das baianas e as alegorias de mão.
Daí em diante, o Vai-Vai só fez crescer, tornando-se uma das maiores escolas de samba do Brasil e a maior campeã de São Paulo, com 9 títulos como Cordão, 15 títulos do Grupo Especial e 10 vice-campeonatos.