Samba rock: preto, periférico e paulistano

Samba rock: preto, periférico e paulistano

22/11/2023

O samba rock é tanto um estilo de música quanto uma dança que só podia ser fruto do Brasil, mais precisamente, da periferia de São Paulo. Conheça um pouco da origem paulistana desse mix.

Em sua música Chiclete com Banana, de 1959, Jackson do Pandeiro decretou que “eu só boto bebop no meu samba quando Tio Sam tocar um tamborim”, mas já era tarde demais. Naquele mesmo final de década de 1950, bailes da periferia de SP já estavam misturando jazz, rock, soul music e o que mais pintasse pela frente ao nosso samba.

Essas festas ficaram conhecidas por sua seleção musical bastante eclética. Como rolava de tudo – de samba de gafieira a forró, passando por rockabilly e soul music, que começavam a estourar no Brasil – o pessoal precisava, literalmente, dançar conforme a música, batendo tudo no liquidificador e criando o estilo de dança único que daria nome a esses bailes: o samba rock.

É isso mesmo, o samba rock surgiu como dança. Não havia (ainda) a mistura de ritmos, pois não rolava música ao vivo nos bailes, o som vinha de toca discos, de forma meio improvisada. Os rolês com as chamadas “orquestras” eram restritos a quem podia pagar por ingressos a preços proibitivos e, além disso, a população preta não era muito bem-vinda nesses ambientes.

Mas eis que a festa periférica paulistana faz nascer em nosso país uma figura que hoje é onipresente: o DJ. O técnico de eletrônica e vendedor de discos Osvaldo Pereira montou um sistema de som com pouco mais de cem watts de potência e organizou um baile num salão granfino. Ao dar o som em sua festa sem a presença de músicos, Oswaldo criou a Orquestra Invisível Let’s Dance e se transformou no primeiro DJ de que se tem notícia no Brasil.

Com o passar do tempo, os músicos acabaram chegando aos bailes de samba rock. Artistas como Djalma de Andrade, o Bola Sete, Waldir Calmon e o grupo Bolão e Seus Roquetes seguiram o exemplo da dança e misturaram tudo que rolava nas festas, dando origem ao samba rock como ritmo musical, que ganharia o Brasil e o mundo nas décadas seguintes, através de nomes como Jorge Ben Jor, Elza Soares e o Trio Mocotó.

Essa origem periférica paulistana deu ao samba rock o título de patrimônio cultural imaterial de São Paulo, concedido, em 2016, pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), por intermédio da Secretaria da Promoção da Igualdade Racial.

Samba rock no Novo Anhangabaú

É Noite de Samba Rock, bebê!

O baile/aulão de samba rock está ON no Vale da Gente, gratuito para quem quiser chegar, atraindo centenas de pessoas todas as semanas, com essa mistura maravilhosa de ritmos, sons e passos que essa expressão cultural super SP permite. Não fica de fora, não! Vem curtir com a gente também:

É noite de Samba Rock

Sextas-feiras

19h

Terra de Todos

Leia também

Eventos