O Castro Festival, uma das maiores expressões da cultura LGBTQIAPN+ do país, chega em junho no Novo Anhangabaú. Mas quem é esse Castro, homenageado no nome do festival, e qual a sua ligação com a comunidade? Se você acha que Castro é uma pessoa, acompanhe a matéria e conheça mais sobre a história desse festival!
O Projeto Castro, que, em parceria com a WT Live, traz o Castro Festival para o Novo Anhangabaú, foi criado em 2017, com o propósito de ser um espaço acolhedor para todas as pessoas LGBTQIAPN+ e proporcionar um novo padrão de entretenimento para essa comunidade, mas aberto para geral. Tudo isso sem perder o olhar social, apoiando frequentemente as ONGs Casa 1 e Instituto Vida Nova.
Nesta segunda edição do festival, os ingressos da modalidade Meia Solidária têm 50% do valor arrecadado revertido para as duas organizações. Além disso, 100 pessoas trans serão capacitadas para atuar em diversas funções durante o evento, como bar, receptivo, corpo de baile e produção.
Mas, afinal, quem é esse Castro?
Castro, na verdade, não é uma pessoa (até já foi, mas não é o indivíduo que é homenageado no nome do festival). The Castro é uma região da cidade San Francisco, mais precisamente, um distrito do bairro de Eureka Valley, reconhecido mundialmente como um dos principais redutos da comunidade LGBTQIAPN+, se não for o principal.
Mas, nem sempre foi assim. A ocupação da região, que fica no vale dos famosos Twin Peaks, começou na época da corrida do ouro estadunidense, com a formação de ranchos pouco povoados, pertencentes a grandes proprietários de terra mexicanos, como um certo José Castro, o Castro original do rolê.
Na década de 1880, famílias irlandesas, alemãs e escandinavas se estabeleceram na região, que se transformou numa vila de fazendas leiteiras com casas em estilo vitoriano. A partir da abertura da linha de bonde Castro Street, em 1887, o bairro começa a prosperar, tornando-se uma opção desejável e acessível para a classe trabalhadora da cidade.
Foi durante a Segunda Guerra Mundial que a região começou a ficar mais colorida. No decorrer do conflito, milhares de homens foram dispensados pelos militares por sua orientação sexual, sendo liberados de suas funções em San Francisco. Em vez de retornar para seus respectivos locais de origem, onde provavelmente seriam estigmatizados, muitos permaneceram na cidade, já conhecida pela sua tolerância. Ao fim da Grande Guerra, Eureka Valley já era visto como um bairro seguro para a comunidade gay, atraindo ainda mais moradores.
No final dos anos 1960, começo dos 70, esse influxo deu ao bairro operário de Eureka Valley uma nova identidade social. O combo formação de uma comunidade + contracultura fez surgir um movimento sociocultural gigante, com direito a líderes, figuras políticas, economia e dress code próprios. Algo tão grandioso que precisava de um nome próprio, desvinculado do bairro como um todo. Assim, a Castro Street, principal área comercial de Eureka Valley, deu ao distrito a nomenclatura que o tornaria famoso ao redor do globo: The Castro.
O poder dessa comunidade emergente exerceu uma influência real na política de San Francisco. A ponto de fazer despontar um dos maiores nomes da defesa dos direitos civis nos EUA e figura política mais importante da história do distrito, Harvey Milk, a primeira pessoa abertamente LGBTQIAPN+ a ser eleita para um cargo público na Califórnia, servindo como supervisor da cidade de San Francisco.
Ao longo de sua carreira política, Harvey Milk trabalhou incansavelmente para promover a igualdade, a justiça e a inclusão, tornando-se um dos pioneiros na construção de uma rede de apoio para os indivíduos queer. Tristemente, em 1978, Milk teve sua vida interrompida em um atentado causado pela intolerância.
O legado de Milk fortaleceu o senso de comunidade do Castro. Uma união que foi fundamental para que o distrito passasse pelo período sombrio da crise do HIV/AIDS, que vitimou duramente a região nos anos 1980 e 90.
É essa mistura de cor e superação faz o Castro de hoje, um local vibrante que acolhe e celebra a comunidade, ao mesmo tempo em que não se fecha em si, existindo de forma multifacetada, fortalecendo a resistência LGBTQIAPN+ e tornando-se point obrigatório de uma das maiores cidades norte-americanas sem perder sua essência.
Castro Festival
O festival acontece no dia 10 junho, bem aqui, no Novo Anhangabaú. Vão ser 15 horas de shows divididos em 2 palcos. Sente o peso desse lineup:
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