O clichê é real: todo dia é dia da mulher no Novo Anhangabaú.
Todos os dias de março e de qualquer outro mês, grandes mulheres ministram atividades no NovoAnhangabaú, compartilhando conhecimento, cuidado, alegria, resistência e – a palavra-chave – respeito. Da dança à luta, elas têm sempre algo a apresentar a quem estiver disposto a descobrir. Conheça um pouco da trajetória, ideias e ideais das Mulheres do Vale.
Mayara Santos
Passista | Musa | Atriz | Bailarina Clássica | Profissional deMarketing
Dos seus 33 anos de vida, 27 estão ligados ao samba e ao carnaval. A herança familiar a levou aos desfiles de escolas de samba desde a infância, como rainha mirim. Muitos carnavais, escolas de samba, brilho e sucesso nacional e internacional depois, em 2016, Mayara se aposentou da carreira de passista/musa.
“Samba é ancestralidade, é resistência.”
Mas ela encontrou uma maneira de continuar no mundo do samba, se transformando em Mayara Santos®, uma marca voltada a levar o universo do samba para quem não tem muita intimidade com o ritmo. Em paralelo, um momento de depressão em sua vida trouxe uma necessidade de movimento que a fez criar o Samba Fitness, atividade física proprietária que segue, respeita e valoriza a tradição ancestral do samba.
“O samba é uma dança enérgica, que fala de liberdade. As aulas online são eficazes, mas não têm a energia das presenciais.”
Hoje, Mayara e sua equipe levam o samba no pé a mais de 300 pessoas por semana, somente nas aulas online, sem contar cursos, eventos e coaching de samba. Seu trabalho leva alegria, cultura e autoestima a mulheres do Brasil e do mundo, através da liberdade de movimento, do empoderamento que só o samba pode proporcionar.
“Eu sou mulher, preta, periférica, passista, homossexual, espírita… Tudo que a sociedade abomina é uma causa que eu defendo. Chegar onde eu cheguei é ir contra todo esse preconceito, é uma grande vitória.”
Você também pode aprender (ou aprimorar) seu samba no pé com essa vitoriosa e sentir na pele toda a energia do samba, todos os sábados, aqui, no Novo Anhangabaú. Só vem:
SÁBADO SP
Workshop de Samba
Espaço Livre
15h
Patrícia Lage
Mestra em Jiu-jitsu | Professora de Defesa Pessoal | Campeã Mundial
Filha do renomado professor e mestre Roberto Lage, Patrícia carrega o jiu-jitsu no seu DNA. Mas nem por isso o caminho até o tatame foi mais fácil para ela. Já aos 4 anos, mostrou seu interesse pelas artes marciais, mas encontrou as portas fechadas no judô (outra luta que seu pai praticava). Uma norma arcaica que impedia meninas de praticarem o esporte já havia caído, mas senseis antiquados seguiam vetando a participação delas.
“Minha mãe sempre me incentivou alutar, mas ela também queria que eu fizesse balé. E lá ia eu, toda bonitinha,de tutu, chorando pela rua, porque eu queria mesmo era lutar.”
No jiu-jitsu, ela encontrou espaço para exercer sua verdadeira vocação. Assim, depois de não dar ouvidos a preconceitos caducos e ao bullying escolar, Patrícia ascendeu no esporte, tornando-se, aos 18 anos, uma das primeiras mulheres no mundo a atingir a faixa-preta. A reboque, vieram diversos títulos brasileiros, pan-americanos e um pentacampeonato mundial de jiu-jitsu. Só isso.
“A luta é um xadrez praticado com o corpo. A defesa pessoal é parecida, a pessoa precisa acalmar a mente para conseguir ter a reação apropriada.”
Em suas aulas de defesa pessoal para mulheres, Patrícia ensina técnicas para que mulheres possam se desvencilhar de um ataque e ganhar um tempo precioso para fugir da situação de risco e/ou procurar ajuda.
“Minhas aulas não visam criar lutadoras, elas criam mulheres capazes de manter a calma e ter autoconfiança para usar as técnicas que aprenderam para escapar de um risco de vida – independente da força do agressor.”
Toda mulher sabe: o perigo pode estar em qualquer lugar e aparecer a qualquer momento. Venha para o Novo Anhangabaú e deixe essa campeã te mostrar que, com o conhecimento correto, você também pode se defender de uma agressão.
QUARTAS de respeito
Defesa Pessoal Para Mulheres
Espaço Livre
15h30
Luna Ákira
Professorade dança | Performer | Resistência
Começou na dança em 2009, na sua cidade natal, Guaxupé-MG. Em 2012, mudou-se para o interior de São Paulo, primeiro para Paulínia, depois, Campinas, sempre se mantendo no mundo da dança. Em 2015, o convite para performar num evento em Belo Horizonte mudaria sua vida para sempre.
“O processo de transição é complicado, e não estou falando só da dificuldade das pessoas com os pronomes. Muda tudo no seu corpo. É como outra adolescência.”
Lá, Ákira conheceu a cena ballroom (que você também pode conhecer um pouco, aqui), o vogue e toda a história de representatividade quem vem junto com essa manifestação da cultura LGBTQIA+. Mergulhando no movimento, ela encontrou na comunidade ballroom sua identidade e nas apresentações como drag queen, a sua expressão artística. Desse momento em diante, mudou-se para SP e, em 2018, deu início a seu processo de transição de gênero.
“Neste 8 de março, gostaria de lembrar às mulheres cis que as mulheres trans não estão aqui para competir com vocês. Estamos aqui para agregar. Estamos todas do mesmo lado, contra o sistema que nos oprime.”
Em sua atividade semanal de vogue dance, Ákira apresenta a seus alunos – a maioria pessoas LGBTQIA+ da periferia – uma chance de se divertir, se soltar, performar e passar um tempo longe dos problemas do dia a dia. Mas não é só isso. As aulas também são um espaço de acolhimento, de troca, um ponto de encontro de todas as cores e pessoas, a cara do Vale da Gente.
“Tem gente que vem toda semana. Tem gente que passa, acha legal e começa a frequentar. Tem gente que vem por indicação de amigos… Tem de tudo. O importante é todo mundo saber que é um espaço para todos.”
A cultura ballroom e o vogue estão de braços abertos para você conhecer, se aprofundar ou só dançar até esquecer da vida, todas as quintas-feiras, com a melhor professora que se pode ter.
As QUINTAS do mundo
Vogue
Espaço Livre
17h30
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