Me Conta Sua História que Eu Escrevo

Me Conta Sua História que Eu Escrevo

11/9/2023

Uma intervenção urbana que explora o poder do ato de ouvir e a capacidade criativa de transformar uma história em arte.

Você caminha, com a pressa de costume, pelo Novo Anhangabaú. Você está de passagem, aquele não é o seu destino nesse momento. Eis que você se depara com duas cadeiras, dispostas uma de frente para a outra. Uma delas é ocupada por uma mulher com um caderno e uma caneta pousados sobre seu colo. O outro assento está vago.

Completando o cenário, você nota um cartaz: “Me conta sua história que eu escrevo”. A pergunta surge na sua cabeça quase como uma outra voz, “qual a minha história?”

A pessoa na cadeira é Lara Duarte, atriz e dramaturga baiana, há 7 anos em São Paulo. Sua proposta é promover uma dramaturgia que parta da ação de ouvir com atenção para além das palavras, atenta à linguagem corporal, buscando interpretar, absorver e devolver o que foi ouvido em forma de texto.

“Normalmente, enquanto ouvimos as pessoas, nossa mente está em outro lugar. Pensamos no que responder ao interlocutor, nas contas a pagar etc. Durante a intervenção, eu me disponho a ouvir de fato a pessoa, com total atenção somente na história que ela me conta e como ela a conta”, explica Lara.

A ideia dessa intervenção urbana partiu de sua tese de mestrado, o Compêndio de Decomposições Dramatúrgicas por uma Dramaturgia Monstra, um conjunto de cartas com propostas dramatúrgicas que, pinçadas aleatoriamente, apresentam possibilidades performativas únicas, de acordo com as cartas, as “monstras”, sorteadas.

A “Monstra da Rua” apresenta essa entrega à escuta de alguém na rua disposto a falar. Uma entrega que leva pessoas a parar seu trajeto do ponto A ao ponto B de suas rotinas e passar até uma hora contando sua história, de uma biografia resumida ao foco específico em algum momento marcante. No final, ouvinte e contador trocam de lugar, quando Lara lê o texto criado para seu personagem.

“Depois de ouvir a narrativa da pessoa, elaboro um texto em cerca de 20 minutos, é quase uma psicografia. A partir da minha interpretação, a história contada já não é mais a mesma, não é do contador nem minha, é uma terceira entidade que surge dessa interação.”

E que lugar melhor para encontrar histórias brasileiras do que o Centro de São Paulo? Um espaço com tanta força gravitacional que concentra gente de todo tipo, de todo canto em sua órbita.

A intervenção Me Conta sua História que Eu Escrevo está programada para acontecer exclusivamente no mês de setembro, no Novo Anhangabaú, das 15h às 18h. Na última sexta do mês, dia 29, Lara realiza uma oficina que, além de apresentar as histórias escritas, convida os participantes a performar coletivamente, realizando a ação uns com os outros.

E você, qual a sua história?

Me Conta sua História que Eu Escrevo

Sextas-feiras

das 15h às 18h

Terra de Todos

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