Jornadas no Vale

Jornadas no Vale

26/1/2023

O Vale da Gente será palco da segunda edição do projeto “Jornadas”. Em 2 dias, serão 16 horas(!) de apresentações, bate-papos, reflexões e música.

Tem festival de teatro, este fim de semana, no Novo Anhangabaú. Ah, é gratuito. Estamos falando da segunda edição do projeto “Jornadas”, uma iniciativa do Das Coletivo. Durante dois dias, serão 16 horas inteiras de apresentações, com cenas premiadas, performances e rodas de conversa sobre o teatro, a vida e a sociedade. Cada dia se encerra com um show de música com pegada teatral.

Sem mais delongas, vamos à programação completa do festival, porque tem muita, muita coisa boa para se ver/sentir:

SÁBADO – 28 de janeiro

Brincando de Orquestra

14h

A Orquestra de Formação Alberto Nepomuceno (OFAN) apresenta o espetáculo "Brincando de Orquestra", com uma série de arranjos extraídos das músicas coletadas pela equipe de Mário de Andrade nas chamadas Missões Folclóricas, e outras músicas do repertório nacional. O público também se torna protagonista, pois é convidado a interagir com a orquestra, através de jogos musicais para fazer música juntos, assim como convidados a reger os músicos. Além disso, a apresentação tem um cunho didático, a fim de incluir ao máximo os participantes do evento no mundo da música de concerto, explicando o funcionamento de cada instrumento, curiosidades sobre as músicas, tudo de forma dinâmica e divertida.

Estudo N° 1 Morte e Vida

15h30

Bate-papo com integrantes do grupo Magiluth, com reflexões acerca de aspectos políticos e poéticos contidos na montagem do espetáculo “Estudo N° 1 Morte e Vida".

Havia um País Aqui Antes do Carnaval

16h40

Teatro Kaus Cia. Experimental apresenta, em dez breviários, um recorte das diversas faces do Brasil. Atravessa questões sociais, políticas e ambientais da atualidade. A resistência dos territórios ameríndios, o caráter multifacetado dos cenários urbanos e as contradições dos espaços explorados pelo garimpo e destruídos pelas queimadas são alguns temas encenados na peça. O texto também homenageia alguns artistas reais, como a performer amazônida Uýra Sodoma; o artista plástico do povo indígena Macuxi Jaider Esbell e a escultora de origem indígena Conceição de Freitas da Silva, conhecida como ‘’Conceição dos Bugres’’

Opereta Lunar - Uma Sátira ao Patriarcado

17h

É um espetáculo cênico-musical de curta duração, do Grupo Lunar de Teatro. Através de canções originais e poesias autorais, a apresentação faz uma crítica satírica ao patriarcado estrutural e suas relações de opressão.

O Que Em Mim Ficou – Histórias de Vô e de Vó

17h30

As figuras dos nossos avôs e avós estão presentes em nós de diferentes maneiras. “O que em Mim Ficou - Histórias de Vô e de Vó” é o novo espetáculo de contação de histórias do Coletivo Sementes, criado a partir das memórias das experiências que o Coletivo viveu com seus e suas ancestrais. São histórias sensíveis e divertidas que revelam a importância das crianças escutarem e se interessarem pelas histórias e experiências de nossos e nossas mais velhas. Histórias que revelam a necessidade de olhar para o passado para compreender o presente e vislumbrar possibilidades para o futuro, num movimento sankofa.

Cena Curta: Visibilidade Trans

18h10

Uma performance de Math Bispo, sobre a data da visibilidade trans na ocupação. Nós estamos aqui.

Estudos para uma Fuga Possível

18h50

“...e se vivêssemos a vida como quem faz um rascunho (...)?” - As três irmãs, Anton Tchekhov.

Estudo cênico para a invenção de fugas possíveis, a busca por uma dança do entretempo, pela redescoberta do encontro, por movimentos possíveis num mundo de inação, onde sonhar transformou-se em exercício de resistência. O espetáculo fricciona o vocabulário de movimento dos bailarinos com a trajetória de personagens da peça “As três irmãs”, de Anton Tchekhov. A dança é abordada como delírio, implosão, exaustão e como o primeiro gesto em direção à fuga.

Com roda de conversa depois da apresentação.

Samba da Ramos: Cornucópia Desvairada

20h

A Cornucópia Desvairada é uma fanfarra inspirada na diversidade cultural presente na cidade de São Paulo e que apresenta um show descontraído de músicas dançantes, em ampla interação com o público. O repertório de versões instrumentais de clássicos, além de composições originais, é uma verdadeira cornucópia de ritmos e estilos, passando pelo samba, frevo, carimbó, axé, maracatu, entre outros!

DOMINGO – 29 de janeiro

Rés – Fragmento Performático

14h10

O Solo “Rés – Fragmento Performático” tem como temática o universo do encarceramento feminino, a partir da vulnerabilidade do corpo da mulher negra no Brasil. O solo integra a obra RÉS (indicada ao Prêmio APCA 2019 e contemplada, no mesmo ano, no Projeto Ocupação Rés Mulheres em Cárcere, pelo Rumos Itaú Cultural) coloca em discussão os cárceres velados em que as mulheres cotidianamente vivem socialmente e traz a mulher negra como protagonista, propondo uma análise artística e poética através do movimento, potência direta para traduzir este tema tão singular, sobre as estatísticas mais recentes que envolvem o sistema de encarceramento em massa no Brasil.

Nesta apresentação, um corpo feminino e negro compartilha com o público as diversas possibilidades de reflexão e denúncia de um aspecto social que está sempre à margem das discussões, questionando como adolescentes e mulheres adultas negras vivem e respondem às múltiplas formas de violência às quais são submetidas, assim como também coloca em discussão o crescimento vertiginoso desse grupo dentro do sistema prisional do Brasil.

Cena Curta: C.A.V.A.L.A.

14h40

Uma atriz, que não se preparou para estar em cena, que nem sabe mais se é atriz, que nem sabe mais se pode ser mulher, que nem sabe mais se é gente, dá uma palestra sobre as perturbadoras e inadequadas Cavalas Selvagens, enquanto questiona a possibilidade da sua própria existência de fêmea-sapatão-neuroatípica no mundo.

Cena Curta: A Origem dos Tambores

15h20

Em “A Origem dos Tambores”, os palhaços Rá e Lelé apresentam para crianças, jovens e adultos um mito africano de tradição oral, originário da Guiné-Bissau, que conta uma das fantásticas histórias ancestrais sobre como surgiu na Terra o primeiro tambor e a sua importância para os povos das Culturas Africanas e Afro-Diaspóricas.

"A Origem dos Tambores" atravessa o atlântico, encruzilhando dança, palhaçaria, narratividade, Guiné-Bissau, Kemet e o Sudeste Brasileiros para desconstruir e reconstruir os estigmas em torno dos tambores, instrumentos esses que foram marginalizados ao longo da História.

Gota D'água {Preta}: O Brasil de Hoje e a Montagem

16h

O ator, diretor e dramaturgo Jé Oliveira refletirá acerca de aspectos políticos e poéticos contidos na montagem do espetáculo “Gota D’água {PRETA}” que lhe rendeu o prêmio APCA de Melhor Direção em 2019.

Treinos Públicos: Instantes de Abismo

17h10

Treinos Públicos é um projeto que reúne ações ligadas a processos formativos em artes da cena, envolvendo aprimoramento técnico de artistas profissionais e potenciais multiplicadores, e público interessado em processos formativos e criação cênica contemporânea. Treinar Viewpoints convoca o intérprete a considerar o público durante todo o tempo de treinamento, bem como instituir procedimentos de trabalho coletivo e autoral. A abordagem sobre Viewpoints – desenvolvida na SITI Company de Nova York – resulta da articulação dos Six Viewpoints, técnica originalmente criada nos anos 1970 pela coreógrafa Mary Overlie - professora da New York University.

A partir da prática com os Viewpoints, será criado um roteiro de improviso para acentuar a pesquisa em torno das categorias de espaço: Arquitetura, Topografia e Forma, tão importantes para a técnica de improvisação chamada Viewpoints e ampliar possibilidades na relação espaço-tempo do espaço público. O Novo Anhangabaú, atravessado por uma marquise-vão aberta de concreto, possibilitará transformar espaços angulosos, de equilíbrio instável em novas escalas, volumes, dobras, vislumbre do entorno, e articulando categorias de tempo, assim instiga a construção de um projeto de afirmação de desejos para, a partir dessa relação, improvisar.

Améfrica Mix Tape

18h10

Na pegada da vocação poética/política do Coletivo Legítima Defesa, desdobra-se o espetáculo "Améfrica: Em Três Atos" que ficou em cartaz em diversos teatros no segundo semestre de 2022. A peça é uma imersão poética multissensorial que é, ao mesmo tempo, um ato político de recuperação de memórias ancestrais negras e ameríndias e de  reparação no presente, bem como um ponto de virada para o autorreconhecimento das contribuições que tais corpos e subjetividades agregaram e agregam à sociedade no Brasil e na América Latina.

Sons Do Vale: Mini Orquestra Macondo

20h

Banda formada em São Paulo inspirada na obra de Gabriel García Márquez “Cem Anos de Solidão”, mistura por meio da linguagem da canção e do teatro ritmos regionais como xote, xaxado e baião com a canção rural, rock e funk. Essa mistura sonora aliada à narratividade popular e estética multifacetada das artes do palco, imprime à banda uma personalidade moderna e peculiarmente brasileira.

Quanta coisa, hein? Opções não faltam para você escolher. Ou você pode só aparecer por aqui e maratonar a programação inteira! Seja como for, todos são mais que bem-vindos para assistir, pensar, debater, dançar…

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