Ele só queria patinar, mas sua habilidade e estilo o levaram a colocar a patinação na cultura pop mundial.
Era final da década de 1970 e a febre da discoteca tomava o mundo. No bairro do Brooklyn, em Nova York, o Empire Rollerdrome atraía uma galera, predominantemente preta e queer para sua pista de patinação, muito por conta de seu preço acessível. Juntando esses dois fenômenos estava Bill Butler, um patinador cujo talento e habilidade lhe renderam diversos títulos, como Padrinho do Roller Disco.
Vindo dos subúrbios de Detroit, Butler passou a frequentar o Empire em 1957, quando ainda fazia parte da Força Aérea estadunidense. Em sua primeira visita, ele chegou uniformizado, munido de uma cópia do disco Night Train, de Jimmy Forrest e Count Basie, e convenceu o DJ residente a tocá-la. Ao som de sua trilha personalizada, Butler não só patinou como apresentou uma verdadeira performance, com giros, saltos e patinação de costas em meio aos outros frequentadores.
Não era comum que rinques de patinação tocassem um som tão suingado, muito menos ter um patinador com movimentos tão arrojados. Até aquele momento, as pistas contavam com música ao vivo ou com DJs que tocavam ritmos mais previsíveis, mais fáceis de acompanhar.
Butler tornou-se habitué do Empire e, como fez desde o primeiro dia, sempre buscava apresentar novos ritmos à patinação – como jazz, R&B e funk – enquanto seguia dando seu show particular, a ponto de se tornar uma atração não oficial do estabelecimento. E assim foi durante toda a década de 60 do século passado.
Chegaram os 70s e a era disco. Como não podia deixar de ser, Bill Butler estava super atualizado com os sons do momento e incorporou essa nova onda à sua rotina. Eis que o estilo único de patinação de Butler, batizado jammin’, somado à disco music fez surgir o que, no futuro, ficaria conhecido como roller disco.
Com todo o sucesso, muita gente começou a copiar as manobras de Butler por todas as pistas de Nova York. Não demorou para que os patins entrassem de vez para o zeitgeist, tornando-se parte indefectível da iconografia disco, mesmo não tendo saído de uma das badaladas boates de Manhattan.
O reconhecimento de sua criação veio quando a cantora Cher convidou Butler para patinar com ela, em uma festa promovida por ela, em plena pista do Empire, para comemorar o lançamento do hit Hell on Wheels.
Butler, ao longo dos anos, aperfeiçoou seu estilo e influenciou gerações de patinadores, deixando sua marca na cultura pop ao trabalhar como diretor de patinação em filmes como Warriors - Os Selvagens da Noite (1979) e Xanadu (1980). Em 2005, contribuiu em Ritmo Alucinante, ajudando a incorporar o mundo vibrante da patinação na cultura mainstream das novas gerações.
Após décadas ensinando em sua escola de patinação em Long Island, onde morava, Butler voltou à sua terra natal. Em 2020, decidiu pendurar os patins, aos 87 anos, por causa da pandemia. Mas ele prometeu voltar…
Liberte seu Bill Butler interior
No Novo Anhangabaú tem Circuito de Patins duas vezes por semana, sextas e domingos, para você praticar com obstáculos e aperfeiçoar sua técnica. Além disso, vale ficar de olho na nossa programação:
Dia Internacional do Patinador
Domingo, 13 de abril
10h
Aula de Patins
Domingo, 27 de abril
14h