Conheça um pouco da história desse movimento cultural que saiu das periferias do Rio de Janeiro para ganhar o país.
A Aula de Charme do Novo Anhangabaú vem reunindo uma galera cada vez maior, gente que busca aprendizado, atividade física e, acima de tudo, diversão nas noites de segunda-feira. Uma excelente opção para quem quer encerrar aquela segundona braba ao som de hits atemporais e seguindo os passos do Charme.
Mas você conhece a história do charme? Como ele surgiu e se desenvolveu? Pois está na hora de conhecer…
A história do Charme
Zona Norte do Rio de Janeiro, década de 1970. Enquanto a soul music conquistava o mundo, nas periferias cariocas, o ritmo também fazia história. Os bailes, espalhados por diversos bairros, eram marcados por danças coreografadas e tinham no Philadelphia soul (soul da Filadélfia) sua vertente mais querida. Esse estilo, conhecido pelos arranjos sofisticados com instrumentos de corda e sopro e pela influência do funk raiz, embalava as noites. Aos fins de semana, era comum ouvir pelas ruas os sucessos de artistas como The Jones Girls, Loleatta Holloway, Blue Magic e Billy Paul.
Após uma breve fase disco em 1976, esses bailes passaram por uma transformação definitiva em 1980.
Em uma época em que a música demorava a atravessar fronteiras – ainda mais em um Brasil sob censura oficial –, descobrir novas sonoridades não era tarefa fácil. O papel de apresentar novidades ao público cabia a DJs e radialistas atentos ao que acontecia fora do país. Foi exatamente assim que o DJ Corello introduziu no Rio de Janeiro um novo som: o rhythm and blues mais lento e melódico que despontava nos Estados Unidos.
À frente do baile do Sport Club Mackenzie, no Méier, DJ Corello começou a tocar faixas de artistas como L.J. Reynolds e Frankie Beverly & Maze. O sucesso foi imediato.
Para destacar o momento em que o R&B tomava conta da pista, Corello criou um bordão icônico: "Chegou a hora do charminho, transe seu corpo bem devagarzinho". Sem perceber, ele batizava o charme – um movimento de afirmação da cultura preta que une música, moda e estilo de vida.
Avançando para 1994, os irmãos Celso e Cesar Athayde, que trabalhavam como camelôs nos arredores de um shopping em Madureira, já promoviam a cultura charme por meio de um jornal independente chamado Charm na Rua. Inspirados por essa experiência, tiveram a ideia de criar o Baile Charme, anunciado como "o baile mais elegante da cidade e com muito amor".
Em busca de um local coberto para realizar a festa, escolheram o Viaduto Negrão de Lima, em Madureira – bairro onde viveram com a mãe. O primeiro baile reuniu 20 pessoas. No segundo, o público dobrou. A partir do quarto evento, a festa já atraía cerca de 5 mil frequentadores. Assim nasceu o Baile Charme do Viaduto de Madureira, que logo se tornou um símbolo cultural do Rio de Janeiro e ajudou a popularizar o charme em todo o Brasil.
O crescimento do charme nos anos 1990 deu um novo impulso à cultura periférica carioca, abrindo caminho para outros ritmos e artistas emergirem. Entre esses desdobramentos, destacam-se o funk melody e o funk carioca – um dos estilos mais populares do país atualmente.
Agora, você pode curtir toda essa trajetória, de Madureira até o Centro de São Paulo, todas as segundas-feiras, no Novo Anhangabaú:
Aula de Charme
Segundas-feiras
20h
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