5 Drags históricas!

5 Drags históricas!

11/9/2023

Conheça artistas que romperam barreiras para apresentar sua arte e, de quebra, abrir caminho para as novas gerações da comunidade LGBTQIAPN+.

De um termo do teatro shakespeariano – na época, mulheres não podiam atuar e as personagens femininas eram interpretadas por homens “vestidos como uma garota” (DRessed As a Girl, DRAG) – a uma gíria britânica do século XIX, as possibilidades para a origem do termo drag são diversas e saborosas.

Fato é que, atualmente, se você não chegou de Marte esses dias, sabe o que é uma drag queen. E esse reconhecimento se deve à dedicação de inúmeros artistas que enfrentaram preconceitos e todo tipo de atitude atrasada para popularizar essa arte. Selecionamos 5 dessas drags absolutamente fabulosas que fizeram história:

5. RuPaul

Vamos logo tirar o óbvio do caminho. Se a cena drag passa por sua fase mais popular da história, muito (para não dizer tudo) se deve a RuPaul, a drag queen mais famosa e bem-sucedida de todos os tempos, figurando na super seleta lista das 100 pessoas mais influentes do mundo da revista Time.

Depois de passar boa parte dos anos 1980 se apresentando em bares e clubes e produzindo filmes e álbuns musicais independentes, RuPaul apareceu para o mundo em 1989, no clipe da música Love Shack, da banda The B-52s. Daí em diante, foi se tornando presença cada vez mais frequente em filmes, séries e talk shows, ganhando o seu próprio The RuPaul Show, no canal VH1, em 1996.

Em 2009, deu início ao reality RuPaul's Drag Race e o resto é história.

4. Julian Eltinge

Eltinge surgiu no universo do vaudeville britânico, um teatro de variedades extremamente popular no início do século XX, no qual as apresentações de travestis e crossdressers eram especialmente apreciadas. No final de suas performances, Eltinge costumava remover a peruca e revelar seu gênero de nascimento ao público, o que frequentemente gerava manifestações de descrença.

Na época, Eltinge atingiu um status de superstar do vaudeville, o que levou sua performance tanto aos prestigiados palcos da Broadway quanto a uma certa região de Los Angeles que começava a despontar como meca do cinema pop: Hollywood. Sua estréia cinematográfica aconteceu em The Countess Charming, de 1917, e foi rapidamente seguida de uma participação em The Isle of Love, produção de 1918, estrelada por Rodolfo Valentino.

3. Barbette

Vander Clyde Broadway foi mais um artista a se destacar no período entre as grandes guerras do século passado, uma época de efervescência cultural e de maior visibilidade e liberdade para a comunidade LGBTQIAPN+. Sua persona de palco, a drag Barbette, surgiu no circo, mais precisamente num número de trapézio, quando Clyde substituiu uma das Alfaretta Sisters, performando em drag para manter o nome do grupo de mulheres trapezistas.

Depois de alguns anos, Barbette deixou o picadeiro e partiu em carreira solo, levando seu número, que misturava trapézio com música e dança, para o teatro de variedades. Com relativo sucesso nos EUA, a drag se tornou uma estrela ao excursionar pela Europa, apresentando-se em palcos icônicos, como Teatro Alhambra, Folies Bergère e Moulin Rouge.

2. Miss Biá

Considerada a primeira drag queen do Brasil, Eduardo Albarella começou a se apresentar montado em 1958, aos 19 anos, enquanto ainda trabalhava como office boy em São Paulo. Anos mais tarde, atingiu seu maior sucesso ao levar aos palcos paulistanos uma paródia da apresentadora/diva Hebe Camargo, de quem se tornou amigo e estilista.

Miss Biá faleceu em 2020, vítima da Covid-19. Aos 80 anos de vida e 60 de carreira, ela inspirou 3 gerações de drags brasileiras e ainda seguia ativa com seus espetáculos, mostrando uma vitalidade que não surpreendia ninguém. Afinal, não era nada além do esperado de alguém que enfrentou transfobia, machismo e truculência por décadas, principalmente durante um dos períodos mais sombrios da nossa história, a ditadura militar.

1. William Dorsey Swann

Pioneirismo e resistência são sinônimos de William Dorsey Swann. Nascido escravizado, no estado norte-americano de Maryland, em 1858, Swann encontrou a liberdade aos 4 anos, em 1852, com o fim da escravidão institucional no país.

Sua infância e adolescência são pouco documentadas, mas, seus feitos a partir de 1880 tornaram-se históricos. Abertamente gay, Swann ficou conhecido em Washington por organizar bailes exclusivos para homens. E foi justamente nesses eventos que ele, ao se apresentar vestido de mulher, ganhou a alcunha de “queen of drag“, tornando-se a primeira pessoa a se autointitular uma drag queen.

Para surpresa de ninguém, bailes gays, criados e frequentados majoritariamente por homens pretos precisavam ser clandestinos e, quando foram descobertos pelas autoridades, sofreram repressão severa. Uma série de batidas violentas culminaram com a prisão de Swann, sob a, até então, inédita acusação de “interpretação feminina”.

Depois desse e outros encarceramentos, Swann iniciou e liderou o primeiro movimento de luta por direitos para pessoas LGBTQIAP+ da história. Durante sua vida, William Dorsey Swann enfrentou o racismo, a homofobia e a truculência de um sistema que o via como um inimigo. Depois de sua morte, seu nome foi vítima da invisibilização histórica, um erro que só foi corrigido em anos recentes, quando sua iniciativa e resistência foram finalmente reconhecidas.

Cabaret das Drags

O Cabaret das Drags é uma verdadeira celebração a toda essa rica história, com um show apresentado pelas artistas e drag queens Divana Montez, Heitoraaaaaaaa e Calêendula, repleto de dança, música, humor, DJ sets e música ao vivo. Não dá para perder, hein?

Cabaret das Drags

Sábado, 16 de setembro

17h

Terra de Todos

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